Antes de mais nada, cada um tem a sua
denominação para mente. Para mim, a mente é um conjunto de fatores
internos ao que denominamos de “encéfalo”. É algo subjetivo,
individualmente construído e individualmente expressado, mas que provém
de uma origem comum – anatomia e neuroquímica encefálica. A mente humana
nos engana de todas as maneiras possíveis, pois é burra e inocente. É
como um padrão binário que segue sempre os mesmos comandos pelos mesmos
caminhos e que sempre espera pela mesma recompensa (a famosa dopamina).
Só percebemos um erro de cálculo quando tomamos conhecimento desse erro,
daí podemos corrigi-lo. Aliás, é uma patologia neurológica não possuir
conhecimento consciente do erro, algo denominado na clínica de
comportamento perseverante (ex: motor). Mas isso é algo para outro post.
Você vê o que acontece no mundo real ou
não sente e escuta aquilo que realmente acontece no ambiente? Aliás, o
que é o mundo real? Eis alguns truques para enganar sua mente. E
perceba, a mente só nos passa aquilo que ela quer inconscientemente.
Procedimento de Ganzfeld

O
procedimento de Ganzfeld é um isolamento sensorial da mente que foi primeiramente introduzido na psicologia experimental em meados de 1930.
Ligue o rádio e o deixe em ruído branco.
Então deite num lugar confortável e coloque um par de bolas de tênis de
mesa cortadas ao meio em seus olhos (vide figura). Dentro de minutos
você deverá começar a ter experiências bizarras de distorções sensoriais
(mas nada a se preocupar).
As pessoas vêem várias coisas, luzes que
se movem, animais, parentes mortos. Há relatos de sons de pessoas,
chamados, etc (eu particularmente ouvi minha mãe me chamando, como se
tivesse chamando a atenção). Estudos indicam que devido à falta de
informações sensoriais, as quais são cortadas pela estática (audição),
pelas bolas de tênis de mesa (visão) ou pela baixa – ou nula –
movimentação do corpo na cama ou sofá (propriocepção), o encéfalo acaba
adotando as próprias variáveis e puxando do subconsciente essas
informações que dependem das experiências prévias da pessoa. Podemos
dizer que é um LSD natural do encéfalo, mas (bem) mais brandos.
Encolha a sua dor

Caso
se machuque, veja a parte do corpo em que houve a lesão através de um
binóculo invertido. Em breve a dor irá diminuir também.
Pesquisas da Universidade de Oxford
descobriram um novo analgésico – o binóculo invertido (outro efeito
placebo, para meu delírio). Cientistias mostraram que quando uma mão
dolorida era vistas através de um binóculo invertido – fazendo a mão
parecer menor – as pessoas sentiam significativamente menos dor, além de
diminuição do inchaço. Aliás, o mesmo é válido se você fizer o
contrário (tá… essa eu não testei). De acordo com os pesquisadores, isso
demonstra que até as sensações corporais mais básicas, tais como a dor,
são moduladas de acordo com o que se vê.
Confunda sua propriocepção

Isso
requer duas cadeiras e uma venda. A pessoa que estiver utilizando a
venda deve se sentar atrás da cadeira, de frente para as costas da
pessoa que se sentar àfrente. A pessoa “cega” então coloca sua mão no
nariz da outra pessoa ao mesmo tempo em que coloca a outra mão no
próprio nariz. Mexa gentilmente em ambos narizes. Por volta de 1 minuto,
mas de 50% dos indivíduos relatam que seus narizes ficaram
aparentemente maiores. Isso é denominado Efeito Pinóquio.
O Efeito Pinóquio é uma ilusão na qual o
nariz de alguém começa a crescer, assim como na literatura. É uma ilusão
da propriocepção, revista por
Lackner (1988) e
Ehrsson e cols (2005).
Para explicar esse efeito de outro modo,
um vibrador é aplicado ao tendão do bíceps enquanto se segura o próprio
nariz com a mão cujo bíceps tem o vibrador. O vibrador então estimula os
fusos musculares no bíceps que normalmente seriam estimulados pelo
estiramento muscular do braço que apóia a mão no nariz, gerando uma
ilusão cinética na qual o braço se afasta do rosto. Como os dedos ainda
seguram o nariz – ainda fornecendo informação tátil – aparentemente o
nariz se move para longe da face também em forma de captura perceptual.
Fenômenos similares acontecem quando utilizamos uma venda.
Confunda seu Consciente
Levante seu pé direito uns poucos
centímetros do chão e mova-o na direção horária. Enquanto faz isso,
utilize seu dedo indicador direito para desenhar o número 6 no ar. Seu
pé irá se mover na direção anti-horária (e não há nada que você possa
fazer para evitar isso).
O lado esquerdo do seu cérebro, o qual
controla o lado direito do corpo, é responsável pela coordenação. O lado
esquerdo do seu cérebro não pode se sincronizar, pois há dois
movimentos opostos ao mesmo tempo, combinando os movimentos num único.
Outro efeito interessante ocorre na Ilusão de Aristóteles
Feche os olhos. Sobreponha o dedo médio
sobre o indicador ou vice-versa, como na figura abaixo. Quando duas
partes da pele são tocadas por um mesmo objeto (lápis) enquanto os dedos
estão sobrepostos há a sensação da parte do corpo ser tocada por dois
objetos diferentes (para ficar mais fácil, peça para a pessoa que é
tocada para relatar em qual parte do dedo o lápis toca, mas você pode
fazer em si mesmo). Se tocarmos a parte externa dos dedos (o lado ulnar
do indicador e o lado radial do dedo médio) simultaneamente com dois
lápis (ou como em A e B, abaixo), em muitos casos o sujeito experimenta a
ilusão de ter um lápis entre os dedos. Outra sensação é quando tocamos a
ponta do dedo indicador e depois a do dedo médio ritmicamente com um
lápis, a pessoa não consegue distinguir qual dos dedos foi tocado,
muitas vezes afirmando que um mesmo dedo foi tocado várias vezes, mas
não consegue descrever qual (O_0).
Confunda sua Noção de Profundidade
A percepção de profundidade é a
habilidade visual de perceber o mundo em três dimensões (3D), e para
isso precisamos que os 2 olhos observem um mesmo objeto. Pessoas cujo
olhos não conseguem focar um mesmo lugar não conseguem produzir uma
imagem 3D corretamente. Experimento olhar a imagem abaixo com 1 dos
olhos fechados e compare com os 2 olhos abertos.
A percepção de profundidade depende de
várias pistas de profundidade. Pistas binoculares requerem o foco de
ambos olhos e pistas monoculares requerem o foco de um olho. Pistas
binoculares incluem a estereopsia, que significa a profundidade da visão
binocular através da exploração da paralaxe. Desde que (por definição) a
profundidade binocular requer dois olhos funcionais, uma pessoa com
somente um olho funcional não possui percepção de profundidade. E isso é
ainda mais pronunciado em pessoas cegas de um olho ao nascimento. E é
por esse motivo que as pessoas vesgas tem dificuldades de ver por um
óculos que transforma uma imagem 2D em 3D, por exemplo, num cinema.
Sinta o membro fantasma
Faça como o vídeo abaixo: peça para alguém colocar a mão esquerda ao
lado de uma luva de borracha esquerda. Faça uma separação física entre
as duas. Então, com um pincel ou algodão, toque gentilmente ambas
“mãos” nos mesmos lugares simultaneamente, mude os locais quando a
pessoa relatar que a luva é “quase” sua “mão”. Esse experimento pode ser
feito escondendo a mão verdadeira debaixo de uma caixa. Quando perceber
que a pessoa se sente “confortável” com essa nova experiência, bata com
força a luva de borracha (lembre-se: é a luva. Por vias das dúvidas,
tenha um binóculo por perto). Perceba a reação da pessoa e pegue seu
depoimento
As sensações fantasmas são descritas como
percepções de um membro ou órgão que não pertence fisicamente ao corpo.
As sensações são relatadas frequentemente após a amputação de um braço
ou perna, mas pode também ocorrer após a remoção de seios ou de órgãos
internos. E lembre-se, bata na luva!
Onda senoidal de 18000 Hz
Tente escutar esse
som.
Pessoas idosas não conseguem escutá-lo. É uma onda senoidal de 18000 Hz
(por comparação, um cão pode ouvir entre 16000 a 22000 Hz). Esse som é
utilizado por alguns adolescentes como toque de celular para informar
quando uma pessoa liga durante a aula (pois o professor não ouvirá). É
comumente utilizado na Inglaterra, tocado muito alto, em áreas onde
autoridades não querem que os jovens se reúnam.
A orelha interna humana possui um design
funcional para escutar sons numa faixa de frequencia. Escutar não é
somente uma função dos ouvidos, mas a amplitude de oscilação é conduzida
ao encéfalo. À medida que as pessoas ficam velhas, perdem a habilidade
de escutar sons de alta frequencia, por isso somente jovens podem ouvir
esse tipo de som.
Confunda sua Fotorrecepção
Fixe o olhar no risco entre as narinas da
mulher por ao menos 30 segundos e então olhe uma parede próxima. Você
verá um ponto claro, que pisca às vezes, e que mais?
Foque no olho do pássaro vermelho
enquanto lentamente conta até 20. Imediatamente após olhe para a gaiola
vazia. A imagem fraca e fantasma de um pássaro azul-esverdeado deverá
aparecer na gaiola. Tente a mesma coisa com o pássaro verde, e um
pássaro magenta deverá aparecer.
Quando uma imagem é vista por um período
de tempo (por volta de 30 segundos), e então recolocada num campo em
branco, algo de sobre-efeito, denomunado pós-imagem, poderá ser visto. A
explicação mais comum dada para as pós-imagens é que os fotorreceptores
(cones e bastonetes) dos olhos se tornam “fatigados” e não trabalham
tão bem como aqueles fotorreceptores que não foram afetados (a “fadiga” é
causada pela estimulação temporária dos pigmentos sensíveis àquela
frequência de luz – vermelho ou verde – dentro dos fotorreceptores).
Isso resulta no desbalanço da informação que é fornecida pelos
fotorreceptores, causando o aparecimento de pós-imagens. À medida que os
fotorreceptores se tornam menos “fatigados”, o que leva entre 10 e 30
segundos, o balanço é recuperado, resultando no desaparecimento da
pós-imagem.
Agora outro truque para confundir os fotorreceptores.
Uta Wolfe
mostrou esse experimento para ambientes claros e escuros Isso irá
temporariamente cegar um de seus olhos (por 30 segundos, mas não causa
nenhum dano). Vá para uma sala, feche a porta e apague as luzes,
tornando a sala completamente escura. Espere até que seus olhos se
adaptem à escuridão (comece a perceber os contornos dos móveis). Após a
adaptação feche seu olho direito e cubra-o com a mão. Ligue as luzes,
mantenha seu olho direito fechado e coberto e continue até que seu olho
esquerdo se adapte à luz. Desligue a luz novamente e destampe o olho
direito. Compare a percepção ao escuro com os dois olhos.
A explicação é que demanda tempo para a
visão se adaptar à condição ambiental, quando o olho direito não se
adapta corretamente, como ocorre com o esquerdo, o olho envia
informações erradas para o encéfalo, então a imagem fica aparentemente
escurecida para o olho esquerdo até que se adapte.
Confunda sua Cognição
Olhe a garota que gira. Você a vê girando
em sentido horário ou anti-horário? Aparentemente gira em sentido
anti-horário, mas podemos inverter esse sentido. É difícil, mas no final
se consegue.
A garota que gira é uma forma de uma
ilusão de uma silhueta que gira. A imagem não está objetivamente
“girando” num sentido ou outro. É uma imagem bidimensional que
simplesmente muda de lado constantemente. Nossos processos visuais
assumem que estamos olhando para uma imagem em 3D, utilizando-se de
pistas para isso. Sem as pistas adequadas, o cérebro decide
arbitrariamente o que melhor se encaixa – girar em sentido horário ou
anti-horário. E uma vez escolhio a “melhor “maneira, a ilusão é completa
– vemos uma imagem em 3D girando a partir de algo 2D.
Olhar ao redor da imagem, focando na
sombra ou alguma parte dela, força seu sistema visual a reconstruir a
imagem, o qual pode escolher a direção contrária, e subitamente a imagem
irá girar na direção oposta. Outro mecanismo proposto pelos
psicobiólogos é a fadiga de mecanismos internos de percepção do
movimento. Se há a fadiga do “mecanismo” de percepção da imagem em
sentido horário, o “mecanismo” anti-horário o substitui, e assim
sucessivamente.
Na imagem abaixo, a silhueta da mulher é
retocada para que tenhamos a perceção em profundidade. É isso que o
cérebro tenta fazer (com razoável sucesso, podemos dizer)
Confunda seu bom-senso
Leia livros antigos e desatualizados
sobre fórmulas mágicas e redentores encrenqueiros sem qualquer evidência
de veracidade e originalidade. Aceite aquilo como verdade absoluta.
Leia revistas e assista programas populares que não fazem uma
auto-crítica da própria reportagem e admita que aquilo é normal, que
“eles” tem razão. Acredite na existência de pessoas que podem (ou
podiam) psicografar mensagens do além, porém não conseguem psicografar
em russo ou japonês, nem desdobrar um cálculo matemático complexo de
notórios cientista das exatas.
Acredite com fé. Acredite cegamente.
Acredite que a corrupção e as desigualdades são castigos de deuses.
Acredite que o mundo irá mudar somente através de suas rezas e
oferendas. Acredite que Salvação e Verdade são as mesmas coisas. Acredite que somos inteligentes por achar tudo normal.
Somente… acredite, não questione.
fonte: https://racionalistasusp.wordpress.com/2012/06/20/10-coisas-para-enganar-seu-cerebro/