Especial:
JR Raphael | InfoWorld
05/01/2016 - 09h00
Fundadores de startups que fecharam
compartilham lições aprendidas e sinais de perigos iminentes que eles
gostariam ter sabido antes
Verdade é que nós acabamos escutando menos sobre os fracassos do
que os casos de sucesso. E isso é ruim, pois há aí lições importantes
daqueles que tentaram e falharam.
Mas para nossa sorte, uma companhia de venture capital de base de dados chamada CB Insights tomou para si a tarefa de rastrear e compilar os vários e-mails postmortem, posts em blog e entrevistas com fundadores compartilhadas nos últimos dois anos. E cara, esse retrospecto conta com insights fascinantes.
Eu vasculhei todo o derramamento de lágrima, culpa e
auto-flagelação para encontrar alguns dos temas mais reveladores destes
contos tristes (deixando de lado as coisas óbvias como ficar sem
dinheiro ou construir um produto que as pessoas rejeitaram).
E você pode reconhecer um desses sinais em uma startup que você
conheça hoje. Ou, dado que projetos de TI são muitas vezes microstartups
dentro de uma organização, você pode aprender uma lição ou duas sobre
como não levar o seu projeto ao fracasso.
Sinal de Fracasso número 1: Você não tem um consistente e forte foco
Saber sobre o que é um negócio é tudo - sobretudo nos primeiros
meses críticos quando uma startup está trabalhando para encontrar os
seus pés.
Se você vir um startup sem um foco forte - ou com um foco que continua a
mudar ou expandir - talvez seja hora de começar a se preocupar.
É uma lição que numerosos fundadores aprenderam da maneira mais
difícil.
“Nós estávamos tentando fazer de tudo para todos”, escreve Yash Kotak,
fundador da startup - que não viu seus melhores dias - Lumos. “Nós
fazíamos interruptores que poderiam automatizar suas lâmpadas,
ar-condicionados e aquecedores de água. Nós tentaríamos automatizar sua
televisão, geladeira, fogão e até mesmo seu carro, caso achássemos
viável fazê-lo”.
A questão, Kotak diz, não é que seja ruim perseguir vários ângulos;
mas é mais seguro que você distribua seus recursos somente quando você
estiver consolidado.
"Como uma startup, você tem recursos limitados", reflete. "Por
isso, é sempre melhor identificar e resolver um problema muito bem, ao
invés de resolver "n" problemas de uma forma tão vaga", indica Thor
Fridriksson, da hoje extinta startup Pumodo, teve lutas semelhantes.
Como ele lembra, ele e seus colegas ficaram "presos ao hype", e
cometeram o mesmo erro em ser medíocre em um monte de coisas em vez de
ser excepcionalmente grande em um.
"Nosso plano de negócios foi mudando a cada semana", escreve
Fridriksson. "Passamos de nos concentrar apenas no futebol para nos
tornarmos um app para todos os esportes”, diz.
Sinal de Fracasso No. 2: Sua visão ficou fora de seu controle
A Blurtt começou como um lugar onde você podia pagar dois dólares
para criar um cartão físico personalizado a partir do seu telefone para
enviá-lo para alguém pelo correio.
Um ano depois, a startup mudou seu modelo para ser um serviço
gratuito suportado por anúncios no verso de cada cartão impresso.
Um ano depois, a empresa mudou novamente e se tornou uma "plataforma
móvel de micro-presentes e cartões" - seja lá o que isso significa.
Logo depois, ela deixou aquela ideia de lado e tentou convencer
pessoas a baixarem seu aplicativo para a criação de "blurtts" digitais
que eram basicamente imagens com legendas baseadas em texto estampadas
na parte superior. Resumindo, já vimos isso antes, não é mesmo?
“No final, a paixão e a mágica foram perdidas”, disse Jeanette
Cajide, fundadora da Blurtt.
"Lembre-se por que você começou em primeiro lugar e nunca a perca de
vista, porque uma vez que se torna algo que você não se encontre feliz
fazendo, você não deveria estar fazendo isso”, aconselha.
Por falar nisso, lembra do Secret? Era uma ferramenta de
compartilhamento de mensagens anônimas que bombou entre os modernos do
Vale do Silício por alguns minutos em 2014.
Também era uma startup com dinheiro sério nas suas costas: foi avaliada
em mais de US$ 100 milhões no seu auge.
Mas todo esse dinheiro não poderia manter o app nos trilhos certos.
Depois de lutar para lidar com as queixas de bullying e haters sem
fundamento - e enfrentando, simultaneamente, uma tendência preocupante
de declínio no seu uso - a companhia fechou e devolveu seu dinheiro aos
investidores após apenas 16 meses no mercado.
O Secret passou por várias evoluções ao longo do caminho, mudando
sua concepção e filosofia para tentar resolver reclamações e manter
todos felizes.
No final, o seu cofundador, David Byttow, disse que a startup já não era
a entidade que ele tinha a intenção de construir.
“O Secret não representa a visão que tive quando iniciei a empresa",
escreveu ele, "então eu acredito que fechá-lo é a decisão certa para
mim, nossos investidores e nossa equipe."
Sinal de Fracasso No. 3: Você ainda não está pronto para o sucesso
Algumas startups têm ideias estelares, mas não têm os recursos ou
know-how para executá-las. E - você adivinhou - essa combinação perigosa
não cria exatamente um alicerce para o sucesso a longo prazo.
Pergunte a Martin Erlić, cuja startup UDesign passou de um
promissor novo conceito para levar a antiga empresa ao espaço em um
único ano.
A ideia parecia sólida: a UDesign era um app que tornaria simples
criar sua própria estampa para usá-la em uma peça personalizada de
roupa. Legal, certo?
Mas em vez de contratar programadores experientes, Erlić e seus
parceiros decidiram fazer o trabalho sujo eles mesmos. "O que acabou
acontecendo foi que gastamos tudo o que poderia ser gasto para polir o
produto em marketing" ele explica. "Pensamos que poderíamos enganar as
pessoas agora e melhoraríamos isso mais tarde. Errado”.
Lição que fica? Não ser realista é um grande obstáculo a superar.
Sinal de Fracasso No. 4: Você construiu seu negócio em uma mina legal
Quando você brinca com o fogo, é bem provável que você vai se
queimar, certo? Pode parecer óbvio, mas uma enorme quantidade de
startups se desintegraram em colapsos gerados “pelo calor”.
Os exemplos mais proeminentes giram em torno de problemas
relacionados a direitos. Tome a Grooveshark como exemplo, uma startup
para descobrir músicas que conseguiu durar impressionantes 10 anos antes
de seus descuidos legais a apanharem.
"Apesar de termos a melhor das intenções, nós cometemos erros muito
graves", a empresa admitiu em um memorando não assinado na ocasião do
desligamento. "Nós não conseguimos garantir licenças de titulares de
direitos para a grande quantidade de músicas no serviço. Isso foi
errado."
O acordo de pagamento da Grooveshark com gravadoras a forçou não
apenas desligar o serviço e limpar todos os servidores da empresa, mas
também deixar para trás tudo o que possuía - o próprio site, juntamente
com todos os aplicativos, patentes e direitos autorais.
"Os desafios técnicos são agravados pela natureza litigiosa da
indústria da música, o que significa que cada vez que tivéssemos
qualquer crescimento significativo, estava também acoplada a atenção
imediata das gravadoras na forma de e-mails legais aos assinantes do
serviço", explicaram os fundadores da empresa.
Sinal de Fracasso No. 5: O seu produto depende do serviço de outra pessoa
Chame-o de "ponto único de fracasso” caso o seu negócio depender do serviço de outra pessoa para existir.
Resumindo: você está praticamente pedindo para ter problemas. Nós
vimos histórias de diversas startups que engataram seus vagões no
Twitter só para ver depois seus tapetes virtuais puxados para debaixo
dele com pouco ou nenhum aviso.
O exemplo mais recente é o Twitpic: o serviço de compartilhamento
de imagens - que uma vez já foi vital - entrou em confronto com ambições
de crescimento do Twitter e viu-se imerso em uma batalha que não podia
ganhar.
De acordo com a empresa: “O Twitter contactou nosso departamento
legal exigindo que nós abandonássemos o nosso pedido de marca ou
corríamos o risco de perder o acesso ao seu API. Isso veio como um
choque para nós desde que o Twitpic existe desde o início de 2008 e
nosso pedido de marca vem desde 2009”.
Outros fundadores também se viram diante de uma meia-volta com o
Facebook, como a Lookery - uma empresa de marketing cuja moeda girava em
torno de dados da rede social.
"Nós nos expomos a um enorme ponto único de fracasso”, declarou o
co-fundador Scott Rafer. "Como era previsível e razoável, o Facebook
atuou no seu próprio interesse, em vez do nosso”. Rafer diz que sua
startup "poderia e deveria ter" usado seus recursos para estabelecer
algum nível de independência em vez de investir ainda mais na plataforma
do Facebook - um sentimento semelhante ao expresso por PostRocket, uma
empresa que se propôs a ajudar os clientes a alcançar mais fãs no
quintal virtual de Zuckerberg.
Mesmo que uma startup não se feche inteiramente, tentando se manter
com os requisitos inconstantes de sua evolução, isso pode tomar
recursos significativos - o que é especialmente desafiador quando o
financiamento é limitado.
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