Menu com arroz no copo
Bebida com tradição, o saquê é bem mais que aquele líquido geladinho tomado com sushis
Luiz Horta
Antes
ele era apenas um líquido gelado ou quente para beber em copinhos
quadrados acompanhando o sushi. Um álcoolzinho sem protagonismo. Mas sua
imensa variedade e capacidade de combinar com muito mais que o básico
farnel nipônico está levando o saquê para outras cozinhas. Os primeiros a
sinalizar a tendência foram os sommeliers mais experientes e atrevidos.
Aldo Sohn, sommelier do Le Bernardin, melhor do mundo em 2008, e
Michel Couvreux, sommelier do Per Se, ambos restaurantes nova-iorquinos,
incluíram saquês nas cartas e fizeram harmonizações com os pratos e
menus de seus chefs estrelados.
Frank Bruni, ex-crítico de restaurantes do The New York Times, fez
um desafio tremendo a Sohn: harmonizar um menu inteiro do chef do Le
Bernardin, Eric Ripert, sem usar vinhos. Foram cervejas, uísques, runs
e, claro, saquês. E deu certo.
E aqui? A presença ainda é tímida nos restaurantes. Em geral há
apenas um rótulo nacional industrializado, quase onipresente, de estilo
seco. No mercado, entretanto, já há boa oferta de saquês – são
aproximadamente 30, entre nacionais e importados.
O Paladar decidiu colocar a bebida de arroz fermentado à prova. Mas
na mesa, harmonizada com pratos brasileiros, italianos e franceses. No
que deu?
Primeiro, houve um choque de qualidade. Há saquês refinados e caros
como os grandes vinhos, até capazes de evolução e envelhecimento na
garrafa, mesmo que a bebida seja predominantemente para tomar jovem. Há
saquês espumantes e também doces, secos, demi-secs. Há encorpados e
leves, turvos e translúcidos. O tipo de arroz influi, seu grau de
polimento, a região de onde vem, a mineralidade da água. O arroz de grão
curto japonês, sakamai, diferente do de mesa, pode rivalizar com
algumas uvas. Arroz versus uva? Foi um espanto. Mas o foco eram as
harmonizações. E antes que ficássemos perdidos provando saquês cada vez
mais sofisticados (tarefa para a vida toda, com esboço na coluna Glupt!
ao lado), paramos.
Escolhemos cinco garrafas e fomos ao desafio. Há mais opções no
saquê do que a dicotomia quente ou frio; e mais complexidade que no doce
ou seco. O saquê conseguiu: é possível fazer a refeição inteira com
ele, da entradas à sobremesa.
Fotos: Felipe Rau/AE
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Tradicional. Os japonêses preferem os de cerâmica, este é de coleção, da notável artista Toshiko Ishii |
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Design. Cristal delicado, próprio para o contato com os lábios, no copinho da finlandesa Iitala |
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Ocidental. Os transparentes são preferidos no ocidente, este bem simples, de vidro grosso, é adequado |
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Temperatura. Os dinamarqueses da Bodum sofisticaram o modelito e fizeram o ochoko térmico
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